Thursday, November 30, 2006


logo mais caminharei na chuva
molharei os pés e as calças até os joelhos
algum carro possivelmente correrá sobre as águas turvas e molhará outras partes do meu corpo
talvez até minha boca
eu-corpo
eu-casca
eu-carne que apodrecerá com a morte do
eu-corpo

algumas gotas são mais esparsas quando passam pelas árvores
também mais grossas e pesadas

talvez um dia seja como aquela sombrinha esquecida que caminhava leve e aberta exercendo sua plena liberdade seguindo a direção dos ventos

Wednesday, November 29, 2006

comose


como se nada fosse
como se nada sentisse
saí andando pela tarde clara

como se nada fosse
como se nada existisse
o sol caía laranja e cegava

como se nada passava
como se nada partisse
sentada só esperava

como se a chuva molhasse
como se a dor não existisse
o som constante alarido cessava

como se houvesse sede
como se a fome engulisse
regurgitava nós atada

como se nada fosse
como se nada existisse
comose andava